quarta-feira, 25 de abril de 2012

Para ler: livros que conheci na infância

Sempre fui daquelas gurias esquisitinhas que trocavam brincadeira por livro. Única criança em uma família cheia de adultos, o incentivo à leitura sempre rolou porque via meus irmãos lendo, ganhava muitos livros que minha irmã professora recebia das editoras e desde pequena arriscava uns rascunhos, umas cartinhas, meia dúzia de versinhos bregas. 


Era uma leitora exemplar. Nunca estava "sem ler um livro no momento"como ando fazendo há muito tempo. Sem contar que há algo de mágico na imaginação de uma criança que lê. O País das Maravilhas parece muito mais colorido e perigoso, a Emília seria doada para caridade porque falava demais e me irritava e em quantos castelos já consegui entrar mesmo que nunca tenha estado em um? 


Segue abaixo uma lista (eu e as listas) dos livros que mais marcaram a minha infância. Será que temos algum em comum?


1. Marcelo, Marmelo, Martelo e outras histórias - Ruth Rocha


Clássico da gurizada dos anos 80/90. Marcelo era um mala. Inventava novas palavras, perguntava sobre tudo, era teimoso como uma porta e, o pior, não contente em só o Marcelo ser chato eu comecei a adotar os neologismos dele no dia a dia. Só pra irritar as pessoas. 


Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
- Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?
- Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
- E por que é que não escolheram martelo?
- Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...
- Por que é que não escolheram marmelo?
- Porque marmelo é nome de fruta, menino!
- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?





2. O Menino do Dedo Verde - Maurice Druon


Minha madrinha também me ajudava muito nessa minha história de gostar de ler. Todos os domingos à tarde, quando íamos visitá-la eu passava horas e mais horas futricando a estante de livros dela. Uma coleção enorme de Malba Tahan toda vermelhinha e lá no cantinho, um livrinho verde surrado. Um dos clássicos da literatura infantil mundial. Contava a história de Tristan, um menino rico cujos pais eram donos de uma "fábrica de canhões". Com o jardineiro, Bigode ele descobre que tem um dom: o dedo verde! Assim, em tudo que toca faz florir e nascer plantinhas. Já com o senhor Trovões, ele aprende sobre a violência e tristeza. Muito poético e cheio de alegorias sobre o capitalismo (não, eu não fazia ideia na época)


3. Raul da Ferrugem Azul - Ana Maria Machado


Um dos meus preferidos porque eu ficava morrendo de medo de começar a ver ferrugem azul em mim também. Raul era piradinho, coitado. Começou de repente a ver manchas azuis em sua pele. Coisa, aliás, que ninguém mais via... O que eu mais curtia era que o livro era cheio de ilustrações que não vinham coloridas, então dava pra gente pintar como quisesse. A ideia é ótima, além de a criança ler o livro, ela tem uma experiência sinestésica com ele, porque interage, transforma, colore das cores que sua imaginação vê cada uma das situções do enredo. Genial!


4. O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry


Toda pessoa desse mundo devia ler esse livro. Sim. "Ah, é clichê... Ah, é livro de miss..." Ah, faça-me o favor. É um livro de uma poesia única que trata os relacionamentos humanos mínimos de um jeito especial. E é um livro com um alcance tão amplo que desde criança até quando você for adulto vai tirar uma lição cada vez que quiser lê-lo. Nunca leu? Vai lá, lê e depois a gente conversa. Sim, você vai ver que eu estava certa.


"Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra, o teu me chamará para fora da toca, como se fosse música”.


5. Meu Pé de Laranja Lima - José Mauro de Vasconcellos


Esse também foi culpa da minha madrinha. Li a primeira vez quando tinha uns 8 anos e, juro, nunca mais na minha vida nenhum outro livro me emocionou e mexeu tanto comigo quanto esse. A difícil infância de Zezé, a amizade com Minguinho (o tal pé de laranja lima), a irmã protetora, a parceria com Portuga... enfim, tudo no livro é muito intenso e apesar de ser classificado como literatura infanto-juvenil, é uma história que traz lições muito densas e situações tensas, mas escritas por José Mauro com uma leveza que poucos escritores conseguem. Em duas palavras, pura emoção.










Queridos amigos que lêem meu blog e têm filhotes, sobrinhos, afilhados ou outras crianças queridas na sua vida, deixa de Hot Wheels, de Barbie, de boneco do Ben 10. Se você quer mesmo dar um presente que vai durar muito tempo, anos, décadas, dê um livro, conte uma boa história. Afinal, na vida a única coisa que podemos carregar sem peso nenhum e compartilhar por aí são as memórias.

8 comentários:

  1. Meu primeiro livro: "O Reizinho Mandão". Quando vc me mandou esse link, eu sabia: ia chorar!

    E sim, me emocionei! Como é bom o sabor da infância ainda em minha memória, onde eu ainda tinha a inocência do "princepezinho".

    Aliás, o Pequeno Príncipe, li algumas vezes e na última chorei copiosamente!

    Coloco ainda na minha lista: "Sozinha do Mundo" (coleção Vaga-lume)

    Pollyana (Clássico, clássico, clássico!)

    Menino de Asas (também da coleção Vaga-lume)

    Com a ponta dos dedos e os olhos do coração (emocionante!)

    Nossa, que bom ler essa postagem...

    ResponderExcluir
  2. Lembro que lia na infância, principalmente porque o colégio obrigava vc ler e fazer a resenha do livro hehehehe..
    Mas os livros que eu li com gosto que a Senhora Evelise Couto não postou e com certeza a maioria das meninas leram foi Pollyana Menina e Pollyana moça, tenho os dois e guardo com muito carinho.
    Agora se for medir, eu passei mais tempo na rua brincando que em casa lendo :)

    ResponderExcluir
  3. esqueci do Menino Maluquinho! gente, era mto legal! =D

    ResponderExcluir
  4. Me veio na cabeça os primeiros q li

    O Dedal da Vovó
    Laurinha vai para o Hospital
    Meu dente caiu


    Tinha um de Lobisomem e de uma bruxinha q não lembro o nome... mas me recordo perfeitamente das histórias e desenhos.
    Bacana recordar isso !

    ResponderExcluir
  5. Minha infância leitora foi:
    Menino Maluquinho.
    Lúcia Já vou indo
    Raul da Ferrugem Azul
    Uma pequena história de Natal
    Histórias da Velha Totônia
    Cazuza (do Cassiano Ricardo, não o do saudoso Barão Vermelho)
    Com as pontas dos dedos e os olhos do coração
    Umbigo Rolim
    As anedotinhas do bichinho da maçã
    O Joelho Juvenal (e mais uma leva dos livros do Ziraldo)
    Meninos sem pátria
    Um cadáver ouve rádio
    O tronco do Ipê (dá-lhe Machado!)
    E outros que ou eu não lembro, ou esqueci mesmo...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lúcia Já vou indo!!!!!! Obrigada, Daniel! tava tentando lembrar o nome desse!

      Excluir
  6. Eu AMO "Meu Pé de Laranja Lima"! E vou chorar quantas vezes eu ler, na idade que for!

    ResponderExcluir
  7. E ah, dava pra adicionar Tom Sawyer aí né? O primeiro livro "de gente grande" que eu li. Isso quer dizer que não era daqueles com uma figura enorme e só um parágrafo por página.

    ResponderExcluir