terça-feira, 1 de novembro de 2011

Para aprender: Amy Winehouse e o que ficou

Futricando tumblrs alheios vi algumas fotos maravilhosas da Amy Winehouse, quase todas do início da sua carreira. Peituda, corada, olhos grandes e brilhantes, com uma expressão de vontade das coisas, bem diferente da Amy que víamos nos últimos 2 ou 3 anos, com aquela cara de louca, sem destino, os olhos esbugalhados e o sorriso destruido.

Culpam drogas. Alcool. Vida desregrada. Mas é impossível não citar e não notar em suas letras uma profunda insatisfação sentimental. E posso falar? Eu acho que ela morreu foi disso.

De desgosto. De não saber lidar com perda. De não saber o que fazer com desilusão. Por não conseguir entender o que é desamor.

Às vezes penso que faltou gente amiga na vida da Amy. Porque os amigos, minha gente, passam merthiolate nas nossas feridas. Alguns - os que mais gostam de você, geralmente -  ainda têm a audácia de trazer aquele merthiolate que arde, pra você prestar atenção e nunca mais cair no mesmo buraco e se ralar toda. Como minha mãe passou fazendo minha infância inteira.

Também penso que faltou um pouco de família. Pais e irmãos não sabem, mas têm um papel muito maior do que imaginam. É com eles que devíamos aprender como levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Não é toda família que consegue isso. Algumas por falta de zelo, outras por excesso. As que faltam, erram por não dar base suficiente e segurança pra essa pessoa, por outro lado, as que protegem demais não nos deixam errar, quebrar a cara, morrer de raiva do mundo. A gente fica ali um tempo achando que todo mundo é gente boa e o pior, que somos bacanas demais pra sacanearem com a gente. História da minha vida. Cara no chão.

Mas o que eu mais acho que faltou pra ela foi encarar os problemas de frente. Quando eu tenho um problema ou uma decepção muito grande eu sumo, eu vou pra casa de alguém, eu vou pra rua, eu vou pro barzinho, eu vou pro shopping, mas em casa sozinha eu não fico. E, olha, eu amo minha casa. Mas é como na música dos Titãs, "eu não sou um bom lugar".
De que adianta fazer isso? Em um primeiro momento é ótimo, porque você consegue distrair o pensamento e o coração, mas sempre chega a hora de ficar sozinho e aí, meu amigo, não tem por onde escapar. É assim que eu fujo dos meus problemas e só fui aprender que essa fuga não teria fim se eu não conseguisse encarar os fatos como eram. Doeu. Mas resolveu.

Ao que me parece Amy também fugiu. Saiu de casa para não voltar mais. Pegou o caminho e se perdeu. Não entendeu que as lágrimas não secam sozinhas.




5 comentários:

  1. Não adianta querer sumir, porque os problemas vão juntos. O jeito é encarar sempre eles de frente e mentalizar que vc é mais forte que eles. Assim a gestalt será fechada.

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  2. Cara, você enxergou algo que muiiiiiiiiitos que julgaram, condenaram e execraram a AMy não conseguiram. Meus aplausos para sua sensibilidade.


    Eu ADOREI o texto, diz muito de mim, muito mesmo. Às vezes, não somos um bom lugar, e nesse caso, é melhor correr para outro mesmo! Isso pode salvar nossa vida!

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  3. Falou tudo Eve. Ela deveria msm ter enfrentado tudo, e não fugir. Fugir não leva a nada, só prolongam as coisas e levam os problemas juntos.

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  4. adorei!

    acho que ela sempre foi frágil. ela recebia críticas o tempo todo, desse jeito fica difícil confiar e pedir ajuda.

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  5. Eve... é esse seu modo de encarar a vida que eu admiro tanto!! Eu, pelo contrário, me escondo do mundo, entro na minha concha e pra sair de lá... é uma eternidade!! Acho que vc está mais do que certa. Não acho que seja a sua maneira de fugir dos problemas não... sair com os amigos e não ficar em casa sozinha se lamentando é na verdade uma forma de lidar com os problemas, e uma forma mto mais saudável!! Daí qdo vc tiver que ficar sozinha com seus problemas, a dor já estará menor e o problema mto mais fácil de resolver!!

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